By John Porcelino / Soft cover, black and white, 144 pages / October 2005

José Rui, texto

The Perfect Example, de John Porcelino, é o exemplo perfeito (mesmo) da dicotomia entre boa banda desenhada e “mau desenho”. Por si só, poderia ser um caso de estudo de como desenhos particularmente pouco atrativos, inocentes e até infantis, como por magia se transformassem numa obra extraordinária de arte sequencial. Porque é disso que se trata aqui.

Porcelino escreve de forma honesta e pungente sobre as suas experiências de adolescente, a sua relação com os amigos e com as raparigas. Amores não correspondidos, desentendimentos, insegurança e tristeza. Sentimentos profundos são transmitidos ao leitor com facilidade e é impossível evitar uma grande empatia quando Porcelino, numa série de vinhetas notáveis, conclui que não sabe porque é como é, apenas triste.

De repente, ao fim de meia dúzia de páginas o desenho bate certo, é lindo e adequado, nem mais, nem menos. As personagens têm expressão e os carros são incríveis. E é então que a dúvida se instala: O que separa a boa da má bd? Porque há tantas obras com milhões de cores e acção espectacular tão Sfracas e um livro aparentemente pouco atractivo como este é na verdade incrível? A conclusão óbvia, será que nem só de desenho vive uma boa banda desenhada. Mas, só o texto também não resulta. A resposta, não definitiva, deve estar no conjunto. Naquilo que torna a bd uma arte única e com uma linguagem muito própria, que também se aprende a compreender, a ler e a descodificar. O leitor é um operador da famosa máquina "enigma", e cada novo códigoS que se decifra, é um novo mundo que se descobre. Vale a pena tentar decifrar John Porcelino e entrar no seu universo.

The Perfect Example

21,20 EUR

Editora: Drawn & Quarterly